A dona de casa Joaquina Moraes de Lima e o lavrador José Pereira de Souza tem em comum os anos de consultas e o uso de remédios para tentar aliviar suas dores, mas seus problemas de saúde persistem e até se agravaram nos últimos tempos.
Desempregada, a moradora do Km 06/ Barra Grande diz que espera pela cirurgia de vesícula e hérnia há pelo menos nove anos. “Já estou na terceira tentativa”, relata, ao também lembrar procedimento cirúrgico mal sucedido no passado. “Estou ansiosa, agora acho que vai dar certo”, acrescenta.
Convivendo há mais de dez anos com dores na coluna, o morador do bairro João Paulo II aguarda pela realização de uma tomografia computadorizada, que aponte ou não a necessidade de cirurgia. “Está difícil até de estar aqui”, comenta, ao reclamar do problema que lhe traz limitações até para as atividades simples do dia a dia.
A história deles retrata a situação de muitos pacientes que há anos estão na fila de espera por uma cirurgia ou exames de média e alta complexidade, mas que agora serão atendidos pelo mutirão promovido pelo Governo de Três Barras, via Sistema Único de Saúde (SUS).
Com atendimentos previstos já para o começo deste mês, o mutirão de cirurgias eletivas e exames irá atender 740 pacientes. A demanda diz respeito a solicitações cadastradas e recadastradas no sistema somente no ano de 2017.
Ato simbólico na manhã desta quarta-feira (04), no anfiteatro Vereador Milton Miguel, no distrito de São Cristóvão, marcou a entrega das guias de autorização para os procedimentos. Secretários municipais e vereadores acompanharam o evento.
Fora Joaquina e José, outras 200 pessoas receberam os documentos. Os critérios para a escolha dos pacientes levaram em consideração a data de entrada na fila e laudo médico que ateste a urgência do atendimento.
Em breve a secretaria de Saúde entrará em contato com os demais pacientes, a fim de orientá-los sobre o agendamento das consultas do pré-operatório e as datas das cirurgias e exames.
Especialidades
O Governo do Município, por meio da secretaria de Saúde, assinou convênios com os hospitais Félix da Costa Gomes (Três Barras) e São Vicente de Paula (Mafra), como também com o consórcio intermunicipal Cisamurc e outros prestadores de serviços. O investimento é de aproximadamente R$ 300 mil.
Um total de 246 pacientes será submetido a cirurgias eletivas nas áreas de urologia, ortopedia, geral, ginecologia, neurocirurgia, otorrino, vascular e outras. A secretária de Saúde, Raquel Cunher Vieira, explica que 100 procedimentos acontecerão nos meses de abril e maio, enquanto o restante em junho e julho. “Pedimos, no entanto, que o paciente siga as recomendações pré-operatórias e não falte no dia da cirurgia”, solicita.
Outras 494 pessoas serão atendidas com exames de tomografia, ressonância, colonoscopia, endoscopia digestiva, teste de esforço, ecocardiograma, ecodoppler venoso/ arterial e cintilografia. “Dependemos, claro, dos prestadores de serviços contratados. Mas a nossa expectativa é concluir todos os procedimentos num prazo de até quatro meses”, frisa a secretária.
Compromisso
Durante o evento, prefeito Luiz Shimoguiri disse que o Governo de Três Barras está colocando em prática um compromisso firmado com a população. “O povo apostou em nossas propostas e nós estamos retribuindo com a melhoria dos serviços públicos de saúde, seja nos atendimentos oferecidos nos postos de saúde ou na contratação de mais profissionais, como médicos”, garantiu.
Uma dos problemas enfrentados pela atual administração foi a demanda reprimida de cirurgias eletivas e exames. Segundo ele, o Governo do Estado libera, por exemplo, nove ressonâncias mensais, sendo que a fila já está com 182 pacientes aguardando. “Se não fosse o mutirão e essa união de esforços e recursos, levaríamos quase dois anos só para atender quem já está esperando”, compara o prefeito, ao destacar a importância da iniciativa.
Opinião semelhante teve o vice-prefeito Gilson Nagano, em sua fala durante o ato de entrega das guias. Para ele, as filas de espera estão diretamente relacionadas à falta de agilidade do Estado para a liberação dos procedimentos, como também à cota insuficiente para atender a demanda. “Nem sempre é possível o município realizar tudo sozinho. Porém, este Governo tem méritos porque corre atrás das soluções”, argumenta.